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sodre

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27
Abr18

Sodré da Flandres?

Sérgio Sodré

Na vasta obra "A Heráldica em Portugal" de Manuel Artur Norton, publicada em 2004, em Lisboa, pela Dislivro História, vol II, pag 310, lê-se:

SODRÉ (de Flandres) - e depois a descrição das armas de Sodré do Livro do Armeiro-mor de 1509. Assim, há uma declaração não provada de uma suposta origem da família na Flandres. Mas como lá chegou o autor?

Inquirido por mim próprio no fórum do Geneall não deu qualquer resposta, embora imediatamente antes tenha respondido a uma outra questão. O que aconteceu? Julgo que Norton apenas se baseou numa convicção doutro autor, Luís Lancastre e Távora, que tinha escrito o mesmo num artigo sem apresentar qualquer prova documental. 

Assim, conquanto seja uma possibilidade, não surgiu ou foi publicada fonte histórica que sustente uma suposta raiz dos Sodré na Flandres. 

21
Dez17

Novos dados pontuais sobre Sodré

Sérgio Sodré

Na obra "O Terrível - a grande biografia de Afonso de Albuquerque", de José Manuel Garcia, publicada em Lisboa por A Esfera dos Livros, outubro de 2017, transcreve-se, na pág. 294, a constituição da armada deste Governador da Índia em 1511, tal como o próprio a nomeou em carta de 20 de agosto de 1512 dirigida ao Rei D. Manuel, que integra a colectânea da sua correspondência. Fonte (CAA I, pp. 65-75).

São 18 navios, e Francisco Sodré era o Capitão da caravela redonda Santo Espírito, de porte médio (a armada é dividida entre "naus grossas" e "navios pequenos" e está entre estes últimos, mas separado das caravelas latinas e galés). Aí, é designada como navio, mas na pág 469, reproduzindo pág 182 de CAA I, é dito que se trata de uma caravela, ou seja de uma carvela redonda (senão seria referida como caravela latina).

Estamos em 1511 e Francisco Sodré, filho e herdeiro principal do antigo Alcaide-mor de Tomar, Duarte Sodré (falecido a 15 agosto de 1500), partira para a Índia com o irmão Manuel Sodré em 1508. Tudo indica que seria o mesmo indivíduo, até porque se sabe que os dois irmãos serviram sob o comando de Afonso de Albuquerque e é muito provável que ambos tenham participado na conquista de Goa em 1510. 

Na pág. 367, refere-se que Albuquerque informou o Rei dos capitães e navios que ficaram na Índia e não foram a Malaca, e confirma que Francisco Sodré lá ficou com o seu navio, conforme se pode ler em CAA I, pp.65-75, digitalizada em http://memoria-africa.ua.pt/Library/ShowImage.aspx?q=/CAA/CAA-N01&p=91).

 

05
Mar15

Cais do Sodré: dados históricos

Sérgio Sodré

A travessa do Corpo Santo em Lisboa apareceu em 1784, depois de Vicente Sodré ter mandado edificar por aquela zona alguns prédios, um deles, pelo menos, o da praça dos Remolares, com frente para o cais que ele custeou em parte e que dele recebeu o nome.

Um desses prédios da travessa, já edificado no princípio do terceiro quartel do século XVIII, pertencia a António Sodré Pereira Tibau, filho de Duarte Sodré Pereira e de D. Maria de Almeida. Aí, a 7 de Março de 1780, faleceu sua mulher D. Teresa Heliodora de Meneses e Cunha, filha de D. Pedro Álvares da Cunha e de D. Maria Teresa de Vilhena, com a qual casara a 22 de Junho de 1787 na paroquial de Santa Catarina, e aí, nas mesmas casas da travessa do Corpo Santo, faleceu o dito António Sodré Pereira Tibau, a 18 de Dezembro de 1785.

Os anteditos Duarte Sodré Pereira e, seu filho, António Sodré Pereira Tibau, foram senhores de Águas Belas. O principal prédio que pertenceu aos Sodrés é o que também tem frente para a rua e travessa dos Remolares e para o cais do Sodré.

Ainda em 1779 se designava como cais do Sodré, a praça que, em 1780, era conhecida por praça dos Remolares, e de 1781 a 1789 aparece denominada do Embarque. O nome de praça do Duque da Terceira foi-lhe dado por edital de 28 de Dezembro de 1889, quando oficialmente só era denominada praça dos Remolares e o nome de cais do Sodré havia muito se tinha fixado na artéria que liga o largo do Corpo Santo à citada praça.

Estas informações foram publicadas pelo conhecido especialista da história da Lisboa, Júlio de Castilho, em "A Ribeira de Lisboa" editada nos anos quarenta do século XX. Acrecentei pequenos detalhes.

 

11
Mar14

Os meus Sodré Pereira

Sérgio Sodré

 

 

 

Ponto de situação após cerca de 30 anos de investigação familiar e entroncamento, com documentação segura, da minha linha de Sodrés Pereiras.

 

SODRÉS PEREIRAS

 

1

DUARTE HENRIQUES SODRÉ DE CASTRO

 

Irmão do anterior. Nascido a 18 de Novembro de 1993, no Hospital da Cruz Vermelha, foi registado como natural da freguesia de Oeiras e São Julião da Barra, Oeiras. Batizado na Igreja de Santo António de Nova Oeiras, a 21 de Julho de 2001. Mestre em Engenharia Mecânica pelo Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, em 2017.

 

1

HUGO HENRIQUES SODRÉ DE CASTRO

 

Nascido a 09 de Outubro de 1986, na clínica do Restelo, foi registado como natural da freguesia de Santa Maria de Belém, Lisboa. Batizado na Igreja de Santo António de Nova Oeiras, a 13 de Junho de 1987.

 

2

SÉRGIO PAULO SODRÉ DE CASTRO GRAÇA

 

Nascido a 08 de Dezembro de 1955, na freguesia de São Sebastião da Pedreira, clínica Cabral Sacadura. Batizado na Igreja de São João de Deus. Foi-lhe posto o nome de Sérgio da Costa Freire Graça, que os pais lhe mudaram para o acima referido, portaria de 19 de Abril de 1963. Aluno do Colégio Militar. Licenciou-se em Ciências Históricas pela Universidade Livre de Lisboa, em 1983. Assistente estagiário do departamento de Ciências Históricas da Universidade Livre de 1983 a 1986. Pós-graduação em Sociologia do Sagrado e do Pensamento Religioso, em 1996, pela Universidade Nova de Lisboa. Funcionário público, Coordenador e Analista de Informações do Estado. Sócio do Instituto Português de Heráldica e da Academia Portuguesa de Ex-Líbris, publicou alguns trabalhos de investigação histórica, especialmente de Heráldica e Genealogia, na sua maioria sobre “Sodrés”. Aposentado a 01 de Dezembro de 2013.

A 10 de Fevereiro de 1985, teve alvará do Conselho de Nobreza, em que lhe foi reconhecido o direito ao uso do seguinte brasão de armas: esquartelado, I – Sodré, II e III – Pereira, IV – Camelo.

Casou com Maria do Rosário Aparício Henriques, em Oeiras, a 20 de Dezembro de 1982. Nascida a 15 de Junho de 1957, na freguesia de Arroios, Lisboa. Licenciada em Direito pela Universidade Clássica de Lisboa. Professora do Ensino Secundário.

 

3

MARIA LUISA GOMES DA COSTA FREIRE

 

Nascida a 29 de Outubro de 1935, na freguesia da Pena, Lisboa. Filha única de segundo casamento. Não consta o apelido Sodré no seu bilhete de identidade, porque então a lei limitava os apelidos a três e a sua mãe recusou-se a abdicar de lhe passar o seu apelido Gomes.

Casou com Fábio de Castro Graça, na Igreja de Santa Maria de Belém (Jerónimos), a 07 de Outubro de 1954. Capitão de Mar-e-Guerra da Armada, Submarinista, Engenheiro Eletrónico, pela Universidade de Monterrey, Califórnia, E.U.A. Nascido na freguesia de São Sebastião da Pedreira, Lisboa, a 15 de Agosto de 1932. Imediato do submarino “Neptuno” e, depois, em Moçambique, da corveta “Pereira D´Eça”, na qual serviu durante o bloqueio do porto da Beira pela esquadra inglesa, em 1966, na sequência de imposição de sanções pela ONU à Rodésia do Sul que declarara unilateralmente a independência no ano anterior.  Integrou a guarnição de trouxe o submarino "Barracuda" de França para Portugal em Outubro de 1968. Falecido a 16 de Fevereiro de 2024.

 

4

JOSÉ SODRÉ DA COSTA FREIRE

 

Nascido a 28 de Maio de 1874, na freguesia de São Mamede, Lisboa. Batizado na Igreja de São Mamede, a 02 de Outubro de 1874. Chefe de Repartição da Companhia dos Tabacos, fez várias comissões em Lourenço Marques como diretor da companhia, logo após a Grande Guerra. Faleceu a 26 de Junho de 1961.

Divorciado, a 09 de Maio de 1944, casou civilmente com Caetana do Carmo Gomes, a 27 de Outubro de 1944, que conheceu em Moçambique, quando servia como enfermeira de guerra. Nascida em 1898, na freguesia da Vermelha, Cadaval. Falecida a 18 de Março de 1984.

 

5

MARIA PAULA SODRÉ PEREIRA DE LEMOS RANGEL

 

Nascida a 18 de Janeiro de 1846, na freguesia de São Quintino, Sobral de Monte Agraço. Batizada na igreja paroquial respetiva, a 8 de Fevereiro. Irmã de Francisco Sodré Pereira Cordeiro Camelo de Lemos Rangel, nascido a 28 de Julho de 1850, que teve foro de Fidalgo-Cavaleiro da Casa Real do Rei D. Carlos, a 23 de Dezembro de 1905.

Casou com Lucas Ventura da Costa Freire, a 18 de Janeiro de 1874, na Igreja de Arroios, Lisboa. Nascido, a 09 de Janeiro de 1844, em Lisboa. Empregado no comércio.

 

6

FRANCISCO DE PAULA SODRÉ PEREIRA DE LEMOS RANGEL

 

Nascido a 22 de Dezembro de 1806. Batizado em oratório privado, na freguesia de Santa Justa, Lisboa, a 11 de Janeiro de 1807. Aluno do Colégio Militar, com o nº 151, de 1819 a1820. A 12 de Junho de 1824, assenta praça como soldado (todos os pretendentes a cadetes o faziam) no regimento de cavalaria 1. Em 1827, como cabo, é porta-estandarte do regimento de cavalaria 10. A 06 de Setembro de 1833, durante a Guerra Civil, apresentou-se no Porto com 3 soldados armados e montados, passando para o lado liberal. Condecorado com a medalha de D. Maria e D. Pedro, algarismo 4. Em 1862, é 3º Oficial da Alfândega de Lisboa. A 07 de Junho de 1870, suplica o hábito da Torre e Espada (julgo que foi indeferido). Media 1,62 m.

Foi proprietário.

Viúvo, casou com Maria Libânia da Conceição, a 22 de Outubro de 1842.

 

7

FRANCISCO SODRÉ PEREIRA DE LEMOS RANGEL

 

Nascido, a 01 de Abril de 1779, na freguesia de São Sebastião, Ponta Delgada, Açores. Batizado na igreja matriz respetiva. Foi Secretário particular do Duque de Vitória, o General Arthur Wellesley, depois Duque de Wellington, Comandante-chefe das forças luso-britânicas na Guerra Peninsular (1807-1814). Simultaneamente, era agente do Ministro da Guerra, General Miguel Forjaz, e a sua correspondência é uma fonte importante daquele conflito das guerras napoleónicas.

Cavaleiro da Ordem de Cristo, a 26 de Julho de 1821. Alcaide-mor da vila de Fronteira, por alvará de 06 de Setembro de 1821. Comendador da ordem de Santiago de Almalaguez, na Ordem de Cristo, a 28 de Outubro de 1821.

A 25 de Dezembro de 1803, recebeu carta de brasão de armas: esquartelado, I – Sodré, II – Pereira, III – Cordeiro, IV – Camelo. Assim foi reconhecido como fidalgo de linhagem e de cota de armas.

Casou com Maria Luísa da Fonseca Pope, a 17 de Junho de 1805, na freguesia de Santa Justa, em Lisboa, em oratório privado. Um autor refere que faleceu a 16 de Dezembro de 1830 e o certo é que morreu antes do fim da guerra civil.

 

8

BENTO SODRÉ PEREIRA DE LEMOS RANGEL

 

Nascido no Rio de Janeiro, Brasil, talvez entre 1745-50. Batizado na igreja paroquial de Nossa Senhora da Candelária, no Rio de Janeiro. Cavaleiro da Ordem de Cristo, a 22 de Fevereiro de 1804. Sargento-mor das ordenanças da cidade de Ponta Delgada (equivalente a Major). A 27 de Setembro de 1821, foi promovido a Tenente-Coronel de milícias, agregado ao regimento de Ponta Delgada, Açores.

A 12 de Outubro de 1803, recebeu carta de brasão de armas: partido, I – Sodré, II – Pereira. Assim foi reconhecido como fidalgo de linhagem e de cota de armas.

Casou com Antónia Joaquina. Nascida, a 26 de Fevereiro de 1755, na freguesia de Ginetes, Ponta Delgada. Batizada na igreja matriz de São Sebastião, Ponta Delgada. Filha de Manuel de Sousa Cordeiro Camelo.

 

9

ISABEL NARCISA SODRÉ PEREIRA

 

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, cerca de 1710-20.

Casou com Francisco Tavares França. Alferes de cavalaria do regimento de Minas. Filho do Capitão João de Sousa Cabral e de sua mulher Maria Tavares França.

 

10

ISABEL SODRÉ PEREIRA

 

Nascida na cidade do Rio de Janeiro, Brasil, cerca de 1680-90. Filha única.

Casou com Agostinho de Lemos Rangel. Sargento-mor de milícias da cidade de Rio de Janeiro (equivalente a Major). Filho do Capitão e Licenciado Amador de Lemos Ferreira e de Isabel Rangel de Macedo, casados em 1674. Esta descendia de Julião Rangel de Macedo. Capitão no Rio de Janeiro em 1583. Filho de Damião Dias Rangel, que foi para o Brasil como Capitão nas guerras contra o gentio. Todos pertenciam aos Rangel de Macedo verdadeiros, que usavam o brasão dos Rangel.

 

11

DUARTE SODRÉ PEREIRA

 

Nascido na cidade do Rio de Janeiro, cerca de 1650-60. Filho segundo. Teve foro de Moço-Fidalgo, a 03 de Janeiro de 1686, com 900 reis de moradia por mês e um alqueire de cevada por dia. Tal como era o foro de seu pai. No mesmo dia, alvarás de Moço-Fidalgo com as mesmas condições foram passados aos seus irmãos, Diogo Rangel de Sande, José Pereira Sodré e João Gomes da Silva.

Desconheço o nome de sua mulher.

 

12

FRANCISCO SODRÉ PEREIRA

 

Terá nascido em Águas Belas, cerca de 1615-20. Estabeleceu-se na cidade do Rio de Janeiro, onde deixou numerosa descendência. Pode-se dizer que foi o patriarca dos Sodrés do Rio. Teve foro de Moço-Fidalgo. Coronel, comandante de um regimento no Rio de Janeiro. Fidalgo da Casa Real. Faleceu nesta cidade, a 13 de Dezembro de 1669.

Casou com Catarina da Silva Sandoval, a 27 de Abril de 1648, no Rio de Janeiro.

Irmão segundo de Fernão Sodré Pereira, que foi Fidalgo da Casa Real. 10º Senhor de Águas Belas. 1º Capitão-mor de Águas Belas, Ferreira do Zêzere e Vila de Rei.

 

13

DUARTE SODRÉ PEREIRA

 

9º Senhor de Águas Belas (Ferreira do Zêzere), de que tomou posse a 03 de Junho de 1608. Alcunhado de “O Estragado” devido à sua generosidade. Faleceu a 22 de Junho de 1635.

Casou com Guiomar de Sousa.

 

14

FERNÃO SODRÉ PEREIRA

 

Nasceu cerca de 1532-42. Prestou relevantes serviços no cerco de Mazagão, em 1562, nas armadas da costa do Algarve e na tomada do Pinhão, pelo que recebeu o hábito de Cristo, tornando-se Cavaleiro da Ordem de Cristo, a 02 de Agosto de 1565, com a condição de ir servir 6 meses, com cavalo à sua custa, em Tânger. Acompanhou o Rei D. Sebastião na batalha de Alcácer Quibir, a 4 de Agosto de 1578, ficando cativo. Aí morreram em combate o seu irmão Francisco Sodré e o seu sobrinho Duarte Sodré. Resgatou-se e voltou ao Reino. Comendador de Santiago de Lanhoso, na Ordem de Cristo, por mercê do Rei D. Filipe I, por carta de 06 de Maio de 1580. 8º Senhor de Águas Belas, de que tomou posse a 09 de Agosto de 1588.

Casou com Branca Caldeira, que faleceu a 18 de Dezembro de 1637.

 

15

DUARTE SODRÉ PEREIRA

 

Nasceu cerca de 1500-8. Alcançou sentença contra a Coroa, a 22 de Novembro de 1571, que julgou por nulo o foral que o Rei D. Manuel dera a Águas Belas e reconheceu as quintas de Águas Belas e Vale de Orjais como bens de morgado patrimonial não pertencendo à Coroa. Assim, entrou na posse do senhorio da vila e do seu termo, e do padroado da igreja, com todos os seus direitos e prerrogativas, por provisão do Rei D. Sebastião, a 17 de Dezembro de 1576 ou 1577. Faleceu a 09 de Agosto de 1588.

Casou com Dionísia de Sande.

 

SODRÉS

 

16

FRANCISCO SODRÉ

 

Nasceu cerca de 1475-85. Legitimado a 12 de Fevereiro de 1496 (Nessa data, seu pai, como Cavaleiro da Ordem de Cristo, não podia casar). No testamento de seu pai, de 1496, é nomeado administrador do morgado por este instituído nos arredores de Santarém. A 24 de Outubro de 1500, é nomeado Alcaide-mor de Seia, o que significa que era Cavaleiro da Ordem de Cristo, pois este castelo era da jurisdição desta ordem militar. Foi Moço-Fidalgo da Casa de D. Manuel. A 09 de Abril de 1508, partiu para a Índia na armada de Jorge Aguiar (morto na viagem), juntamente com seu único irmão ainda vivo, Manuel Sodré, embarcado na nau Santa Cruz de Duarte de Lemos depois capitão-mor desta armada. Em 1508, esteve na construção da primeira fortaleza da Ilha de Moçambique, quase só uma torre denominada forte de São Gabriel , e serviu na guarnição da fortaleza da Ilha de Socotorá. Juntamente com seu irmão, participou na segunda conquista de Goa, a 25 de Novembro de 1510, sob o comando do grande Afonso de Albuquerque, Capitão-Geral e Governador da Índia. Em 1511, era o Capitão da caravela redonda Santo Espírito, de porte-médio, que ficou a reparar em Goa, não tendo ido, nem ela nem o seu capitão, à conquista de Malaca, a 24 de Agosto de 1511.  Cavaleiro-Fidalgo da Casa do Rei D. João III com 1700 reis de renda. Morreu em serviço na Índia, entre 1539-1544.

Casou com Violante Pereira, filha de João Pereira 4º Senhor de Águas Belas, depois de 20 de Junho de 1496, pois nesta data o Papa autorizou os cavaleiros e os comendadores das ordens de Cristo e de Avis a casarem, o que anteriormente só era permitido aos de Santiago.

Seu irmão Manuel Sodré foi Anadel-mor dos besteiros e espingardeiros nas partes da Índia, por mercê do rei D. João III, a 18 de Fevereiro de 1528, e Cavaleiro-Fidalgo com 2000 reis de renda. A 02 de Janeiro de 1544, Manuel Sodré escreveu uma carta a D. João III relatando os seus feitos na Ìndia e solicitando a capitania de Cochim com as ilhas das Maldivas. Francisco Sodré decerto esteve na reconquista de Goa, como todos os fidalgos da armada de Duarte Lemos, e talvez tenha estado quase sempre com o irmão, o qual ficou como capitão dos besteiros e espingardeiros na guarnição que defendeu Goa dos ataques das tropas do Idalcão (Adil Xá, ou Khan, Sultão de Bijapur), quando Albuquerque partiu para o feito Malaca.

 

17

DUARTE SODRÉ

 

Terá nascido em Santarém, cerca de 1434-38, pois os seus pais tinham aí casas que também ficaram vinculadas ao morgado que veio a constituir como refere no seu testamento. Em 1465, era Escudeiro da Casa do Infante D. Pedro (ex-Condestável do Reino e efémero Rei da Catalunha). Cavaleiro da Ordem de Cristo e Comendador de Santa Ovaya do Juncal, antes de 1475. Vedor da Casa do Duque de Viseu, D. Diogo II. Vedor da Casa do Duque de Beja, futuro Rei D. Manuel, passando a Vedor da Casa Real quando este subiu ao trono. Por carta de 23 de Agosto de 1486, registada na Chancelaria do Rei D. João II, onde é designado como Cavaleiro da Casa Real, o Príncipe Perfeito autoriza-o a constituir um morgado nos reguengos de Tojoza e Alviela (termo de Santarém) com a obrigação dos sucessores seguirem o apelido Sodré. Recebeu do Rei D. João II, em Novembro de 1492, certos bens e herança no lugar de Romão, no almoxarifado da Guarda, tomados a três moradores locais. A 26 de Janeiro de 1493 já era Comendador e Alcaide-mor de Tomar (sede da Ordem de Cristo), sendo também Provedor das capelas do Infante D. Henrique (o Navegador) com 7 marcos de prata de ordenado. Comendador da Cardiga, em data posterior a 26 de Janeiro de 1493 (neste dia ainda pertencia a Heitor de Sousa), uma das mais importantes da Ordem de Cristo. Pelo menos desde 1494, foi Alcaide-mor de Seia. Fez testamento em Montemor-o-Novo, em 29 de Fevereiro de 1496. A 07 de Agosto de 1500, documento refere-o com Fidalgo régio. Faleceu a 25 de Agosto de 1500. Está sepultado junto ao altar-mor da Ermida de Nossa Senhora do Monte, em Santarém, tendo a sua lápide, epitáfio, escudo de armas pleno de Sodré, ladeado de espada e lança-pendão. Epitáfio “Aqui jaz o muito honrado Duarte Sodré que foi veador da caza D’ El Rey D. Manuel e alcaide mor das vilas de Tomar e Sea e comendador da cardiga o qual descende e vem da linhagem da caza do Sodrea que he caza de grandes senhores do Reyno de Inglaterra e finou-se aos 25 dias de Agosto de mil e quinhentos.” Segundo escreve o seu filho Manuel, terá morrido pobre devido à sua generosidade e, enquanto viveu, era muito valido junto do Rei e conhecido no reino. Os seus descendentes que foram Senhores de Águas Belas (Ferreira do Zêzere), e usavam o apelido Sodré Pereira, eram considerados os chefes do nome e armas de Sodré, até porque também detinham o morgado por ele instituído em 1486.

Teve geração legitimada de Catarina Nunes (os cavaleiros da Ordem de Cristo só puderam casar a partir de 20 de Junho de 1496).

 

18

INÊS SODRÉ

 

Terá nascido cerca de 1410-15. Residente em Santarém. Casada com Gil Pires de Resende, Contador régio na comarca dos almoxarifados de Santarém e Abrantes, em 1447, Vedor das obras régias de Almerim e Procurador régio.

 

19

JOÃO SODRÉ

 

Terá nascido cerca de 1385-95. Uma fonte fidedigna, mas posterior, indica-o como Fidalgo da Casa do Rei D. Afonso V e como avô de Duarte Sodré. Provavelmente seria o mesmo que antes esteve como Cavaleiro em Ceuta com o 1º Governador, D. Pedro de Meneses. Terá participado na sua conquista, a 21 de Agosto de 1415, porquanto servia naquela praça já antes dos cercos mouros, pelos Reis de Granada e de Fez, de 1418 e 1419.

 

PEREIRAS

 

16

VIOLANTE PEREIRA

 

Tia de João Pereira, 6º Senhor de Águas Belas, que era demente e morreu sem descendentes, pelo que a Coroa tomou posse do senhorio. Irmã de Rui Pereira, 5º Senhor de Águas Belas, que se distinguiu na tomada de Azamor, em 1513, no exército do Duque de Bragança.

Casou com Francisco Sodré e, quando este já era falecido, intentou uma acção judicial contra o procurador dos feitos da Coroa, porque, após a morte de João Pereira, o corregedor de Tomar a esbulhara da propriedade do morgado de Águas Belas, com base num foral do Rei D. Manuel que os Senhores de Águas Belas sempre contestaram. A Justiça acabou por lhe dar razão, mas apenas no tempo de seu filho Duarte Sodré Pereira, quando ela já era falecida, sendo Águas Belas considerada um morgado patrimonial, tirada a jurisdição, por sentença da Casa da Suplicação de 22 de Novembro de 1574

 

17

JOÃO PEREIRA

 

Legitimado a 27 de Abril de 1463. 4º Senhor de Águas Belas e Senhor do morgado da Palmeira. Fidalgo da Casa Real. Parece que, em 1490, recebeu a capitania da Ilha de São Tomé. A 19 de Março de 1491, obteve uma tença de 40.000 reais anuais. A 07 de Setembro de 1491, foi nomeado Vedor das tercenas reais e do armazém da cidade do Porto.

Casou com Isabel Ferreira.

 

18

GALIOTE PEREIRA

 

3º Senhor de Águas Belas, de Sousel e de Palmeira. Fidalgo da Casa Real, recebia, a 31 de Maio de 1441, 5.000 reais anuais. A 18 de Maio de 1447, foi feito Alcaide-mor de Castelo Mendo e dos lugares de Bouças, Covas e Póvoas de El-Rei. A 29 de Junho de 1450, recebeu a herança de Margarida Vicente, moradora em Portalegre e finada sem testamento. Alcaide-mor de Lisboa, nomeado entre 1450-54, e, a 01 de Janeiro de 1455, foi-lhe feita mercê dos direitos reais de Montemor-o-Novo e dos rendimentos das herdades de Lavre, respectiva alcaidaria e senhorio da vila com jurisdição, em compensação por ceder o posto de Alcaide-mor de Lisboa e de Couteiro das perdizes no termo da mesma cidade ao Conde de Monsanto. Em 1463, era membro do Conselho do Rei D. Afonso V, de quem também foi Camareiro.

Teve João Pereira de Inês Fernandes, solteira.

 

19

ÁLVARO PEREIRA

 

2º Senhor de Águas Belas, possuidor de vários reguengos em Melgaço. O seu tio, o Condestável D. Nuno Álvares Pereira, deu-lhe o senhorio de Alvaiázere, cerca de 1393, Sousel e as rendas do Lamegal, Borba e Vila Viçosa. A 21 de Agosto de 1415, participou na conquista de Ceuta, onde foi armado cavaleiro pelo Infante D. Henrique.

Casou com Inês Lourenço de Abreu ou com Isabel do Carvalhal.

 

20

RODRIGO ÁLVARES PEREIRA

 

Legitimado pelo Rei D. Pedro, a 26 de Agosto de 1357, a quem, a 06 de Setembro de 1356, Álvaro Fernandes, seu tutor, escudeiro do Infante D. Pedro, por carta de doação e morgado, deu as suas quintas de Vale de Orjaes e de Águas Belas (Ferreira do Zêzere) com todas as dependências, senhorio, couto, honra, jurisdição e padroado da igreja da Nossa Senhora desse lugar (então dependente de Cernache de Bonjardim). Assim, realizou-se a instituição do morgado de Águas Belas, confirmado pelo Rei D. Pedro, a 20 de Maio de 1361. Foi o 1º Senhor de Águas Belas, alcunhado o “Olhinhos”. A 14 de Dezembro de 1375, o Rei D. Fernando doou-lhe o senhorio das vilas de Sousel, Vila Nova, Vila Ruiva, e das azenhas de Anhalouro e de Bemlhequero no termo de Estremoz. Esteve entre os defensores de Lisboa durante o cerco dos Castelhanos, em 1384. No decurso do cerco que D. João, Mestre de Avis, fez a Torres Vedras foi feito prisioneiro, pelo que não esteve em Aljubarrota, mas foi libertado em Santarém, quando esta caiu para o Mestre. A 09 de Março de 1386, o Rei D. João I doou-lhe Vila Nova de Cerveira com seu termo, rendas, direitos, tributos, foros, pertenças e jurisdição crime e cível. Apesar disto, por razões desconhecidas, passou a Castela (em 1389 ou 1390) onde morreu, pelo que perdeu as mercês. Era meio-irmão do Santo Condestável, D. Nuno Álvares Pereira.

Teve Álvaro de Maria Afonso do Casal.

 

21

ÁLVARO GONÇALVES PEREIRA

 

Entrou muito moço na Ordem Militar do Hospital cujos monges-cavaleiros o elegeram Prior, ao que parece logo que perfez 18 anos de idade. Primeiro Prior hospitalário a estabelecer-se no Crato, onde estes se fixaram à roda de 1335. A 30 de Outubro de 1340, comandou os hospitalários portugueses na batalha do Salado, última grande batalha da Reconquista. Esteve na tomada de Algoziras e foi valido e conselheiro do Rei D. Pedro de Castela. Pelo ano de 1350, ergueu o belo Castelo da Amieira. Em 1355, defendeu a cidade do Porto cercada pelo Infante D. Pedro, em rebelião contra o pai, o Rei D. Afonso IV, em virtude da morte de Inês de Castro. Mandou edificar o mosteiro no sítio da Flor da Rosa, no termo do Crato, cerca de 1356, que passou a ser a Casa-Mãe da Ordem. Morreu, em 1380, no Castelo de Amieira, e está sepultado no Mosteiro da Flor da Rosa em túmulo de mármore armoriado.

Teve Rodrigo de Iria Vicente.

 

22

GONÇALO GONÇALVES DE PEREIRA

 

Prior da Igreja de São Nicolau da Feira e Cónego de Tui, em 1296. Deão da Sé do Porto a partir de 1296, interveio ativamente na deposição do Bispo do Porto e do Arcebispo de Braga. Estudou em Salamanca. Em 1320, foi enviado pelo Rei D. Dinis à cúria pontifícia, em Avinhão, juntamente com o Almirante Manuel Pessanha, para solicitar auxílio financeiro na guerra contra os mouros. Em 1321 era Bispo de Évora. De 1322 a 1326 foi Bispo de Lisboa por nomeação do Papa João XXII, que depois o fez Arcebispo-Primaz de Braga, de 1326 até à sua morte em1348. Impediu a batalha de Loures entre o Rei D. Dinis e o Infante D. Afonso fazendo as pazes entre eles. Foi dos maiores senhores do seu tempo, e o Rei D. Dinis mandou-o como embaixador ao Rei D. Afonso “O Bom” de Castela para concertar as pazes entre os dois reinos, o que levou a cabo com êxito. Esteve entre os defensores do Porto contra o Rei D. Afonso XI de Castela e, pouco depois, acompanhou do Rei D. Afonso IV na grande batalha do Salado, a 30 de Outubro de 1340, contra os sarracenos. Parece ter sido um homem muito gordo. Jaz na Sé de Braga, em túmulo com estátua jacente que mandou fazer em 1334 na denominada capela da Glória.

Teve Álvaro de Teresa Peres Vilarinho.

 

23

GONÇALO PIRES DE PEREIRA

 

3º Senhor de Pereira. Devido à grandeza do seu estado, houve quem o designasse por Conde, mas não teve formalmente tal título. Grão-Comendador na Ordem do Hospital na Espanha. Documentado, a partir de 1268, em Castela, como Grão-Comendador nos cinco reinos de Espanha, manteve essas funções até, pelo menos, 1271. Entre 1280 e 1285 é referido como Comendador de Lima, Toronho, Tavara e Faia. Também foi Comendador de Panoias. Conta-se que um dia ofereceu 100 cavalos a parentes. Em 1284 testemunhou uma inquirição feita no âmbito da constituição da póvoa de Caminha.

Casou com Urraca Vasques Pimentel.

 

24

PEDRO RODRIGUES PEREIRA

 

2º Senhor da Quinta e Torre de Pereira, que acrescentou no tempo de D. Sancho I. Rico-Homem, Tenente (governador) de Trancoso e de Viseu, entre 1180 e 1183. Também terá tido bens em Froião. Em 1224, em aliança com o Bispo do Porto, D. Martinho Rodrigues, venceu a lide de Trasconho contra a hoste de Pedro Mendes, Senhor de Poiares, que aí morreu.

Casou com Estevainha Henriques. Casou segunda vez com Maria Pires de Gravel de quem teve o seguinte.

 

25

RODRIGO GONÇALVES PEREIRA

 

Progenitor dos Pereiras. Este apelido deriva da sua quinta, assim denominada, situada nas margens do Rio Ave na terra de Vermoim, onde ainda existiam ruínas da torre senhorial no princípio do século XX. Alcaide-mor do Castelo de Lanhoso. Viveu no último quartel do século XII e primeiro do XIII.

Teve Pedro do seu segundo casamento com Sancha Henriques Portocarrero.

 

26

GONÇALO RODRIGUES PALMEIRA

 

Mordomo-mor da Rainha D. Teresa, em 1114, tomou o partido de D. Afonso Henriques, apesar de ser primo direito do Conde D. Peres de Trava. Senhor das terras de Lanhoso, Basto, Refoios de Riba de Ave, Paiva, Baltar, e do Couto da Palmeira situado na terra de Vermoim. Tenente (governador) de Vermoim, em 1128, e de Penafiel de Bastuço, em 1146. Doou o Couto da Palmeira ao Mosteiro de Landim, por ele fundado, quando faleceu, em ano anterior a 1177.

Casou com D. Frolhe Afonso e depois com D. Urraca Viegas. De uma delas teve Rodrigo.

 

27

RODRIGO FORJAZ DE TRASTÂMARA

 

Pertencia à ilustre casa dos Condes de Trastâmara, tendo passado ao Condado Portucalense em finais do século XI. Irmão do chefe da linhagem, o Conde D. Pero Forjaz, Senhor de Trastâmara e de Trava, e aio de D. Afonso VII de Leão e Castela. Foi coevo do Conde D. Henrique e de D. Afonso Henriques. Parece que filho de Forjaz Vermuis (casado com Elvira Gonçalves de Vilalobos), e neto de Bermudo I Forjaz de Trastâmara (casado com Aldonça Rodrigues de Leão), que viveu pelo ano 1000.

Casou com D. Urraca Rodrigues de Castro, filha de D. Rodrigo Fernandes de Castro, “O Calvo”.

 

14
Ago13

Síntese da minha linha familiar por Sodré

Sérgio Sodré

Consiste apenas naquilo que está fundamentado em documentação segura e é o mais sintético possível, após 30 anos de investigação.

 

n. (nascimento data correta) f. (falecimento data correta)

n.c. e f.c. data aproximada

 

Hugo n.1986  e Duarte Henriques Sodré de Castro n .1993

Sérgio Paulo Sodré de Castro Graça n.1955

Maria Luísa Gomes (Sodré) da Costa Freire n.1935

José Sodré da  Costa Freire n.1874   f.1961

Maria Paula Sodré Pereira de Lemos Rangel n.1846

Francisco de Paula Sodré Pereira de Lemos Rangel n.1806

Francisco Sodré Pereira de Lemos Rangel n.1779  f.c.1832-33

Bento Sodré Pereira de Lemos Rangel n.c.1745-50

Isabel Narcisa Sodré Pereira (Lemos Rangel) n.c.1710-20

Isabel Sodré Pereira n.c.1680-90

Duarte Sodré Pereira n.c.1650-60

Francisco Sodré Pereira n.c.1615-20 f.1669

Duarte Sodré Pereira f.1635

Fernão Sodré Pereira n.c.1532-42

Duarte Sodré Pereira n.c.1500-8  f.1588

Francisco Sodré n.c.1475-85  f.c.1539-44

Duarte Sodré n.c. 1434-38  f.1500 

Inês Sodré n.c.1410-15

João Sodré n.c. 1385-95

05
Out12

Origem portuguesa do apelido Sodré

Sérgio Sodré

Até hoje não se conhece documento que indique a existência do apelido Sodré em Portugal antes da segunda metade do séc. XIV. Registados estão um cavaleiro e um escudeiro da segunda década do séc. XV, possivelmente irmãos, que portanto nasceram nos finais do séc. XIV, e cujo pai já usaria esse apelido. Não sendo um patronímico nem um topónimo, Sodré deriva de uma alcunha de origem obscura. Não se sabe se o primeiro a usar o apelido já era da pequena nobreza dos escudeiros ou se era plebeu, nem se foi ele ou antes um seu descendente quem ascendeu à nobreza e usou, pela primeira vez, o brasão de Sodré. Não se sabe se o brasão foi assumido livremente por um Sodré, o que era possível no séc. XIV, ou atribuído por algum Senhor pelos serviços por ele prestados. Todavia, é de admitir que o chaveirão de prata carregado de estrelas vermelhas indique a condição de cavaleiro de quem o utilizou pela primeira vez, pois é peça e figuras que muitos relacionam com esporas (há estrelas que até eram representadas com os furos da espora). Já quanto às albarradas ou gomis podem ter significados mais diferenciados, como seja aludirem ao cargo de copeiro, ou à condição de bom servidor, ou estarem ligadas a algum episódio honroso concreto hoje desconhecido, até porque eram artefatos valiosos nessa época e oferecidos como dádivas.

Nas crónicas de Fernão Lopes relativas aos reis D. Pedro, D. Fernando e D. João é dito que foram tempos em que estes reis nobilitaram numerosos servidores, fazendo cavaleiros e fidalgos, designadamente em virtude das guerras fernandinas e da crise de 1383-1385, após a qual um tempo novo se abriu em Portugal. Com a vitória portuguesa na guerra contra Castela, após a gloriosa batalha real de Aljubarrota (14 de agosto de 1385), tornam-se verdadeiras as palavras do grande cronista Fernão Lopes sobre o novo Portugal "fazemos aqui a sétima idade, na qual se levantou outro mundo novo e nova geração de gentes. Porque filhos de tão baixa condição que não cumpre dizer, por seu bom serviço e trabalho foram neste tempo  feitos cavaleiros, chamando-se logo de novas linhagens eapelidos". Muito possivelmente será aqui que está a raiz dos Sodrés cavaleiros, e o seu brasão, semelhante no estilo a alguns ingleses, pode ter sido inspirado pelos funcionários ingleses especializados em heráldica que exerciam funções em Portugal nessa época. De facto, não se conhece documentação do séc XIV nem XV que afirme que os Sodrés eram de origem inglesa. Apenas no início do séc XVI foi feito um epitáfio numa campa em que se escreveu que eram ingleses, mas em condições que levam a suspeitar de que se procurou criar uma lenda para engrandecer o prestígio da linhagem dos Sodrés de Santarém, que se tinham tornado morgados e casado na importante família dos Pereira. Assim, não se conhece ainda documentação sólida que leve à conclusão de que os Sodré não foram sempre portugueses. Com a documentação atual, é de admitir como muito provável que se trate de um apelido de origem portuguesa, numa alcunha e na segunda metade do séc. XIV, sendo as suas armas também portuguesas, embora talvez de influência inglesa na composição.     

30
Ago12

Brasão de Sodré em Livros de Armas oficiais do séc. XVI

Sérgio Sodré

 

LIVRO DO ARMEIRO-MOR, de João do Cró, Passavante Santarém, que o fez de 1506 e 1509.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

LIVRO DA NOBREZA E PERFEIÇÃO DAS ARMAS, do Bacharel António Godinho, que o fez de 1521 e 1528.

 

Ambos são Armoriais oficiais mandados fazer pela Coroa Portuguesa com os brasões plenos que cabiam ao chefe da cada família nobres e seus descendentes.

 

Leitura Heráldica: De Azul, com chaveirão de prata, carregado de três estrelas de seis raios de vermelho, acompanhado de três albarradas de prata de duas asas.

01
Mai10

Família Sodré

Sérgio Sodré

Apelido com origem numa alcunha de significado indeterminado que parece ter surgido em Portugal na segunda metade do séc. XIV.

Também dessa época, o seu brasão é idêntico ao usado por indivíduos de um ramo da família inglesa Boteler (de Kirkland), apenas o metal das copas e do chaveirão português é de prata enquanto o inglês é de ouro.

A isto junta-se uma tradição, registada em laje tumular de inícios do séc. XVI, que afirma a origem inglesa dos Sodrés. Em começos do séc. XVIII, julgou-se que a alegada raiz inglesa seria a família Sudley ou Sudeley.

A documentação dos séc. XIV e XV até hoje publicada não comprova origens inglesas, e o testamento do chefe do ramo dos Sodrés de Santarém, no séc. XV, refere o apelido como sendo uma simples alcunha.

 

14
Mar10

A fonte da identificação entre Sudley e Sodré

Sérgio Sodré

Nenhum documento com data anterior a 1675 foi até hoje encontrado em Portugal que identifique a família Sodré portuguesa com a família Sudley ou Sudeley inglesa. Todavia, sabe-se que a obra de William Dugdale era conhecida em Portugal no séc. XVIII e que foi usada para afirmar que os Sodré derivavam dos Sudley.  Se assim se construiu uma lenda familiar ou se essa era a verdade é algo que divide os investigadores, embora a tendência dominante aponte para a inexistência de provas suficientemente fortes para aceitar que os Sodré fossem Sudley.

Isto apesar de haver um casamento entre uma Sudley e um Boteler, e de o brasão dos Sodré ser idêntico ao de um ramo de Boteler, mas parece que não o mesmo que se cruzou com os Sudley, ao contrário daquilo que eu próprio cheguei a aventar há uns anos atrás.

  

 

 
 
 
 
SIR WILLIAM DUGDALE, THE BARONAGE OF ENGLAND, VOL 1, 1675
 
SUDLEY
 
At the time of the Conquerors Survey, HAROLD, son to RALPH Earl of Hereford, (who in King EDWARD the Confessors days 1042-66 suffered the Welsh to enter that city, and destroy it by fire 1055) being possessed of the Lordship of Bochenton in Berkshire; Wiche in Worcestershire; Celverdestoch and Derceton in Warwickshire; as also of Sudlege and Todintone in Glocestershire, had his chief seat at Sudlege; and afterwards obtaining Ewyas in Herefordshire, founded there a little priory for monks of S. Benedicis Order.
This HAROLD had two sons, viz. JOHN, Lord of Sudley; and ROBERT, who residing at Ewyas, assumed his firname from that place: and not only confirmed the grants of what his father had given to those monks, but added the church of Burnham thereto.
To which, JOHN succeeded RALPH DE SUDLEY, who in 12 HEN.2. (1166) certified the knights fees, then held of him, to be in number four. This RALPH founded the Priory of Erdbury in Warwickshire, within the precincts of this Lordship of Celverdestoch before mentioned (now vulgary called Chelveres Coton) for the health of his soul, as also of the souls of EMME his wife (daughter of WILLIAM DE BEAUCHAMP of Elmeley) OTWELL his son and heir, and the rest of his children; and gave to the Knights-Templars certain lands lying in Hardwick in com. War. which OTWELL in 4 RICH.1. (1193) paid for his relief twenty marks; and upon levying the scutage for the Kings redemption in 6 RICH.1. (1195) sixty shillings, but dying without issue, RALPH his brother became his heir, and in 10 RICH.1. (1199) gave three hundred marks to the King for livery of his lands: in which sum, sixty marks were included which had been imposed upon his brother OTWELL, as a fine for the defect of a soldier, whom he ought to have maintained in Normandy.
Which RALPH had issue RALPH, his son and heir, who in 6 HEN.3. (1222) paying an hundred pounds for his releif, had livery of his lands: and he BARTHOLOMEW, who was Sheriff of Herefordshire, and Governor of Hereford Castle for the last half of the fifty fourth year of HENRY The Third (1270), and again Sheriff for the fifty sixth year of that King (1272), and 2 EDW.1. (1274) but died in 8 EDW.1. (1280) leaving issue by JOANE his wife, daughter to WILLIAM DE BEAUCHAMP of Elmeley (and sister to WILLIAM DE BEAUCHAMP, the first Earl of Warwick of that family) JOHN, his son and heir, then twenty four years of age. Which JOANE being afterwards interred in the Priory of Erdbury; WALTER LANGTON, Bishop of Conventry and Leitchfield, in 13 EDW.2. (1320) granted a special indulgence for remitting forty days, enjoyned pennance to all such as with a devout mind should say a Pater Noster, and an Ave, for the health of her soul, and the souls of all the faithful deceased.
In 15 EDW.1. (1287) this last mencioned JOHN DE SUDLEY obtained the Kings special license to travel beyond sea: and in 22 EDW.1. (1294) attended the King into Gascoigne; so likewise in 25 EDW.1.
In 26 EDW.1. (1298) he received summons (amongst other the great Men of England) to be at Carlisle on Whitson-Eve, well fitted with horse and arms, to march into Scotland.
In 32 EDW.1. (1304) he was in that expedition then made into Scotland: and in 33 EDW.1. (1305) in consideration of his good services, had pardon for all the debts he owed to the King.
In 34 EDW.1. (1306) he was again in the Scottish Wars, being at that time Lord Chamberlain to the King; and in 8 EDW.2. (1315) received command to be at Newcastle upon Tine, upon the feast day of the Blessed Virgin, well accoutred with horse and arms, to oppose the incursion of the Scots.
This JOHN had summons to Parliament from 28 EDW.1. (1300) until 13 EDW.2. (1320) inclusive.
But more I have not seen of him, then that he married… daughter of… Lord Say, and that he was a liberal benefactor to the canons of Erdbury, by granting to them certain lands and pasturage for cattle, in Derset, Radway, and Chelverscote, in Com. War. and dying without issue, in 10 EDW.3. (1337) left JOHN, the son of BARTHOLOMEW DE SUDLEY his next heir, then thirty years of age, who married ELEANOR, the daughter of ROBERT Lord Scales: and departing this life in 14 EDW.3. (1341) left issue JOHN, his son and heir, then one year old, and two daughters, viz. JOANE, who became the wife of WILLIAM LE BOTELER of Wemme in Com. Salop. and MARGERY of Sir ROBERT MASSEY knight. Which last mentioned JOHN, being in the Kings service in Ireland, in 35 EDW.3. (1362) had respite for doing his homage; and in 40 EDW.3. (1367) attended Prince EDWARD in that expedition then by him made into Gascoigne; but died the next ensuing year without issue: Whereupon THOMAS BOTELER, son of the said WILLIAM BOTELER, and JOANE his elder sister; and MARGERY the other sister, became his heirs. Betwixt whom, partition of all the lands, wereof he was seised, being made in 42 EDW.3. (1369) the said THOMAS had the Mannor of Sudley in Com. Gloc. And the moity of the Mannor of Sheriff-Lench in Com. Wigorn. Together with the advowsons and knights fees to those Lordships appertaining, assigned for his purparty: and she the said MARGERY, the Mannors of Cheping-Derset and Grive in Com. Warr. with the other moity of the Mannor of Sheriff-Lench for her purpaty.
 
Pg 428-9.
 
BOTELER of WERINGTON
 
Of this name of BOTELER, I come now to another family of note (some of them being barons of this Realm, as I shall shew anon) the first of which being called ROBERT, assumed the same by reason of his office, in regard he was botler to RANULPH DE GERNONS Earl of Chester; as appeareth by the words of his charter, whereby he founded an abby for monks of the Cistercian Order, at Pultime, in Com. Cestr. in anno 1158 (4 H.2.) which abby was afterwards translated to Delacres in Com. Staff.
Wich ROBERT had issue ROBERT. But from him I have seen no more, till King JOHN’s time (1199-1216), that WILLIAM LE BUTILLER was certified to hold eight knights fees in Com. Lanc. in capite of the King.
To which WILLIAM, succeeded another WILLIAM; who, in 43 H.3. (1259) was constituted Sheriff of the County of Lancaster, and Governour of the castle there. This WILLIAM, taking part with the rebellious barons of that age, made his peace in September, 49 H.3. (1265) (which was soon after the victory at Evesham). Whereupon the Sheriff of Lancashire had command to restore his lands unto him, which had been seised for that transgression. And, in 5 E.1. (1277) obtain’d the King’s charter for a market on the Friday every week, at his Mannor of Werington, in Com. Lanc. as also for a fair yearly, on the Eve Day, and Morrow after the feast of St. Andrew, and five days ensuing.
Moreover, in 13 E.1. (1285) he obtain’d another grant for the change of that market there to the Wednesday; and to another fair, to continue eight days, beginning on the Eve of St. Thomas the Martyr’s translation.
In 22 E.1. (1294) this WILLIAM, upon summons of divers great men, to attend the King in June, to advise concerning the important affairs of the State, was one of that number; and thereupon had command to repair to Portsmouth, upon the first of September following, well fitted with horse and arms, thence to sail with him into Gascoine. Furthermore, in 23, 24, and 25 E.1. (1297) he had summons to Parliament, amongst the barons of this Realm: and in 34 E.1. (1306) was in that expedition then made into Scotland.
To whom succeeded JOHN LE BOTELER. Which JOHN had the like summons to Parliament in 14 E.2. (1321)
In 44 E.3. (1371) I find another Sir JOHN BOTELER of Werington knight, who was in that expedition then made to Gascoine; and of the retinue to JOHN Duke of Lancaster. But farther than this, in regard they never had any more summons to Parliament, and consequently stood not in the degree of barons of this Realm, I shall not say.
 
Pg. 653-654.     

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